segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

cαntınho dos dεsεnhos ✽



cαntınho dos dεsεnhos ✽



α εstяεſα dε joαo { conto dε nαtαſ }





















Uma constelação. Cinco estrelas. Um menino cego. Uma menina. Uma janela. Um sonho. Sete vidas. Sete corações.
Esta história pode parecer muito complexa. Podem parecer demasiadas personagens para um conto. Mas não é um conto complexo nem tem mil personagens. Aliás, tudo se resume a um pequeno coração sonhador e ferido. Tudo se resume a uma vida… E não há melhor maneira de começar um conto com poucas palavras:
Era uma vez…
- Boa noite meninas! Boa noite A! Boa noite C! Boa noite Azinha! Boa noite P. Boa noite O. Boa noite ACAPO.
Todas as noites João cumprimentava as estrelas Ariana, Clarisse, Artemisa, Preciosa e Orquídea daquela forma. Todas as noites ele as saudava, desejoso de as ouvir.
- Boa noite João! – respondiam elas em coro, numa só voz celestial, uma voz da cor do mar. Elas riam encantadas de cada vez que João as cumprimentava. Um riso cristalino e suave, vindo de outro planeta.
- Como estão? Que fez hoje o mundo? Como vai a Lua? – todas as perguntas se repetiam, de dia para dia. Todos os dias ele queria saber o que tinham feito os vizinhos, a Dona Felicidade da padaria e, principalmente, a sua filha mais nova, Rosa, da mesma idade de João. Há uns anos que ele a escutava nas suas cantigas matinais durante o trabalho com a mãe e apreciava o cheiro do pão acabado de fazer. Mas desde que o pai o prendera no seu quarto que ele não voltara a ouvir Rosa. A apreciar o aroma do pão.
Todos os dias João perguntava por ela às suas fiéis amigas do céu, ouvindo as novidades com a maior curiosidade e apreço. Mas as perguntas mais importantes para ele eram outras.
- De que cor é o céu? E o mar? Como é o arco-íris? É verdade que só aparece quando chove e está Sol ao mesmo tempo? Como são os olhos da Rosinha? O cabelo dela é brilhante? Tem caracóis ou é lisinho e macio, como os cobertores do meu quarto? As mãos dela são suaves com dedos finos e compridos? Ou são ásperas e grossas? O que é um papagaio? Qual é a diferença entre o papagaio de papel e o papagaio animal? – e as estrelas respondiam, contentes e divertidas. Todos os dias era assim. Por vezes uma ou outra estrelinha mais corajosa aproximava-se para lhe tocar, para deixar João sentir a textura suave e morna das estrelas. Mas nessa noite ele fez uma pergunta que há muito ansiava fazer, apesar de nunca ter tido coragem para tal: - Qual de vocês é a estrela que concretiza desejos? Ficaram todas caladas até que uma delas, a tímida Ariana, se aproximou de João e lhe sussurrou ao ouvido com uma voz macia, como se lhe fosse dizer um segredo:
- Sou eu João… Sou eu… Mas se queres pedir um desejo tem muito cuidado tem muito cuidado, pois só tens apenas um… - o pequeno não hesitou. Sabia o que pediria se alguma vez lhe fosse concedido um desejo…
- Eu quero que me realizes um desejo… Quero poder ver. Só assim poderei estar junto do resto da minha família e com Rosa a meu lado. Só assim poderei ser feliz. – depois das palavras de João, a estrelinha Ariana voltou para junto das outras quatro amigas, dizendo:
- João, não poderei conceder-te esse desejo, pois uma lei do código das Estrelas, não escrita, diz que uma estrela não pode usar magia conta o código da Natureza. E se a Mãe-Natureza diz que não é com os olhos que deves ver, então não é possível mudar isso. Mas prometo-te uma coisa: o teu desejo será realizado, mas não dessa forma. Acabarás por encontrar por ti mesmo uma outra forma de ver o mundo e voltar a ser feliz.
João ficou sem palavras. Não esperava ser recusado, o seu sonho de pequeno…
E o tempo foi passando. Agora, todas as noites havia a nova frase da estrelinha: Acabarás por encontrar por ti mesmo uma outra forma de ver o mundo e voltar a ser feliz. João vivia com esta frase na mente. Até que chegou o dia em que decidiu sair de casa. Acompanhado pela sua querida avó, a única que o amava tal como ele era.
Pensava ele…
Acabou por repetir o acto de sair à rua para passear várias vezes na semana e acabou por conhecer Rosa e a sua mãe, as duas simpáticas e doces para com João.
Uns tempos depois Rosa passou a ir a casa de João para ir, ela própria, passear com ele. Com o passar do tempo, o pai de João permitiu-lhe que saísse do quarto e já falava com ele normalmente, como pai e filho que nunca tinham sido. João continuava a comunicar todas as noites com as suas cinco amiguinhas ACAPO.
E, graças a Ariana, às suas palavras e ao desejo que tem ainda guardado por realizar, João aprendeu que não são precisos olhos para ver o mundo e para o viver ao máximo; aprendeu a ver com o Coração.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

quarta-feira, 20 de julho de 2011

cαntınho dos dεsεnhos ✽



cαntınho dαs pıntuяαs ✽



❥pяεcıso dε tı





























De ti
Preciso de ti
mas ti (tu )não reparas.
Então, eu,
p e q u e n i n a
afogada
nas minhas
mágoas
sonho com o conto de FaDaS
que um dia, tu
me contaste.

E eu e.s.p.e.r.o.
que os teus olhos me trespassem,
observem,
bem lá no fundo
do meu
eu
e Percebam.
Compreendam.
Esta dor silenciosa
que grita, desesperada.

E é de ti.
De ti.
Só de ti
que eu preciso.

Distracção

domingo, 26 de junho de 2011

mαε






















Mãe

És Rainha
Dos sorrisos
Das lágrimas
Do nosso próprio reino.

Mãe

És Deusa
Dos Segredos
Das Discussões
Das Canções de Embalar.

Mãe

És Musa
Das Ideias
Dos Sonhos
Das Noites de Lua Cheia.

Mãe

És Feiticeira
De Olhares – profundos
De Bocas – sorridentes
De Corpos – carinho.

Mãe

És Dona
De Terras
De Mundos
És Dona da minha alma

Mãe

quinta-feira, 2 de junho de 2011

εяα umα vεz...






















Um dia
Num belo jardim de margaridas
Um pequeno rebento, no meio de outros mil,
Desabrochou.

Simples, pequenina, brilhante
Sorrindo à Terra Mãe
Que a alimentou,
Pela primeira vez.




E ela foi crescendo
Rodeada de pequenos seres
Indefesos, simpáticos
Todos diferentes.



Passou, na sua infância
Momentos de alegria
Momentos mágicos
Momentos vivos.



Mas ela cresceu.
Tornou-se adolescente
E, nem sempre
Sorriu.



Muitas outras margaridas
Excluíram-na do seu próprio montinho de relva
Enxotaram-na.
Descriminaram-na.

Muitos insectos a picaram
Muitas chuvas a negaram
E, durante muito tempo
A magoaram.

E a pequena flor
Foi perdendo a Cor,
Foi perdendo o Brilho,
Foi perdendo a Vida.

Até que um dia…
Uma outra flor maior
Lhe sorriu discretamente
E abriu as suas pétalas ao mundo.

E a pequena flor triste
Foi recuperando a Cor, o Brilho, a Magia, a Vida.
E, na companhia dessa outra
Voltou a Sorrir.



Aprendeu a lidar com os outros, de pétalas sujas e caules quebrados
Fez muitos amigos…
Alguns inimigos…
Mas, apesar dos acontecimentos mais recentes,
A pequena flor delicada continua com esperanças num futuro melhor.


quinta-feira, 17 de março de 2011

hoяα do lαnchε



















Vem. Dá-me um abraço. Vem cá. Não temas. Vem. Dá-me um beijo. Enrola a tua alma na minha. Enche-te de n a d a . Esvazia-te por completo.
Levanta. . . . .
Voo. . . . . . . .
Vem comigo. Atravessaremos o horizonte. Tocaremos o cor-de-laranja do céu recém-adormecido. Pintaremos o mundo com as cores do arco-íris. Encheremos os corações de p e q u e n a s latas de tinta coloridas e fluorescentes. Voaremos bem alto. Iremos até ao topo da maior pirâmide, subiremos até ao cume da montanha mais alta e voaremos em cima de uma grande e esplendorosa águia. Dominaremos o Universo. Teremos o mundo aos nossos pés, seremos o Sol e eles os Planetas; seremos a Terra e eles a Lua; seremos o Céu e eles as Estrelas. Vem comigo. Aterraremos devagar. Aproveita o tempo que nos resta, a porção de vida ainda presente nos nossos corações, unidos num só. Vem comigo. Vamos fazer um bolo? Procura a receita. Junta todos os ingredientes: Adiciona um pouco de cor, junta-lhe sorrisos "q.b." e mistura bem. 200 g de esperança, outros 200 de pureza. 1 chávena de alegria e 2 colheres de sopa de sinceridade.
E como a vida unca foi um mar de rosas, junta-lhe (apenas) uma pitada de tristeza, uma colher de chá de desconfiança, algumas lágrimas e ainda, para terminar, um ingrediente mistério (Sempre nos torna mais interessantes...).
Leva ao forno durante uma vida, vigia bem, vai contando todos os m.i.n.u.t.o.s.

E no fim, quando te aperceberes, utilizaste cada fatia do bolo durante todo este tempo, comeste todas elas uma de cada vez. Umas mais devagar, outras com mais pressssssa. Todas no seu tempo. [tic-tac tic-tac]
Mas todos os bolos acabam, como tudo na vida tem um fim. E o teu bolo alcançou esse fim. Depois de todo o tempo no forno, depois de uma vida.

sábado, 22 de janeiro de 2011

α mεnınα solıdαo




























Percorro o corredor vazio e estreito devagar, pois ainda é cedo. Vou olhando pelas janelas das salas, discretamente.



Há miúdos de todo o tipo: miúdos barulhentos, miúdos sossegados, miúdos insuportáveis...



Toca a campainha. Estou parada, encostada à parede do corredor, imóvel.



As crianças começam a sair das respectivas salas correr, atropelando-se, uns por cima dos outros e aos berros.



A campainha cala-se. Dez minutos para começar a minha aula.



Os miúdos brincam uns com os outros, falam alto, atiram-se para o chão e fazem de Super-Homem e Homem-Aranha.



Longe de tudo e todos, permaneço ansiosa pelo toque de entrada, para sair do meio da confusão de pequenos “terroristas” e de “putos” indisciplanos.



De repente dou comigo a virar o olhar para o outro lado do corredor, deparando-me com ela. Fulmina-me com o olhar, não sei bem há quanto tempo. O seu olhar fulmina-me, deixando-me incomodada, desconfortável. Transmite uma mistura de ódio, solidão e tristeza com esperança, confiança e proximidade.



Dá o toque de entrada. Por segundos desejei que demorasse mais um pouco. Começo a caminhar, devagar, percorrendo a porção restante de corredor que me leva até à minha sala.



Aquele olhar aterrador persegue-me, fitando a minha figura rastejante. Hesito ao passar por ela. Limita-se a lançar-me o seu olhar furioso e inseguro sobre mim e encolhe-se um pouco, abraçada aos joelhos. Aquele gesto fez-me parar à sua frente, esforço-me para não a fixar muito e tento fazer um olhar doce e não muito óbvio, Viro-me de frente para a criança, coloco-me de cócoras e sorrio. Não me parece que tenha surtido algum dos efeitos desejados.



Olha-me com frieza e ternura. Mostra-se na defensiva, apesar de o seu corpo frágil se manter encolhido e trémulo.



Estendo-lhe a minha mão.



- O que tens, pequenina? – move-se mais para trás, permanece calada e desvia o olhar. Recolho a minha mão. – Não vais para a aula? – indago com meiguice. Abana a cabeça, respondendo negativamente.



- Deixa-a. Ela não vai falar. – Oiço uma voz vinda por detrás do meu ombro. – Só estás a perder o teu tempo. – Continua. Viro-me para trás, levantando-me, desiquilibrando-me um pouco. Um miudinho de metro e meio, com ar despreocupado, sorri com desdém.



- Porque não fala? Quem é ela? – questiono, voltando a assentar os pés no chão com firmeza.



- Porquê? Ninguém sabe. Chama-se Solidão e aconselho-te a manteres-te longe dela...